Mais sobre relacionamentos

 



Como eu identifico relacionamentos tóxicos e os seus cordões energéticos que começaram em primeiro lugar no relacionamento comigo mesma.

Tenho tanto para dizer sobre isto! 

Até há alguns anos eu conseguia identificar tudo o que estava "errado" ao meu redor, mas não conseguia enxergar o que poderia estar também "errado" em mim. Era uma enxurrada de otimismo e negativismo ao mesmo tempo para não entrar em contacto com o meu lado sombra, com as minhas emoções escondidas e com as minhas fraquezas.

Contando que, naquela altura, eu considerava que só os outros é que faziam m**da, só os outros é que faziam o que queriam e ninguém lhes dizia nada como reprovação, mas que eu acabava por compactuar com isso porque aceitava viver em segredo na minha vontade de ser invisível, e não percebi que só estava a tentar ser igual a todos os outros que eu considerava "erros humanos"! 

Os relacionamentos tóxicos começavam assim! Atraía à minha presença o que não queria ver em mim... talvez eu me quisesse esconder nessa sombra para não ter de falar sobre o que dói de verdade por dentro.

Foi e continua a ser dito a muitos de nós desde cedo que, aconteça o que acontecer, devemos sempre colocar o outro em primeiro lugar, sem que nos fosse explicado que o "outro" somos nós no final das contas. Mas, talvez por isso tantos de nós se anularam, se perderam, se prenderam ou deixaram de existir por conta dessa crença tão castradora (a meu ver).

Entendo que estamos em constante evolução por isso mesmo, porque á medida que vamos vivendo vamos percecionando as situações de outra forma, com outros olhos, e com outro entendimento. 

Mas até chegar a esse entendimento, vamos caindo e levantando, caindo e levantando, caindo e levantando.. alimentamos o estado de ignorância, de não querer "ver" como funcionamos enquanto individuo e enquanto coletivo. E durante essa interação tudo o que vem manifestado em forma de obstáculos, continua a vibrar na ignorância e na irresponsabilidade, até colocarmos uns óculos e conseguir olhar de um outro ângulo, e ver o que é oportunidade de crescimento e o que é bênção.

Num relacionamento tóxico, quando se dá distância para observação, consegue-se ver uma postura de poder, controlo e dependência de um sobre o outro, que mostra na realidade a própria fraqueza e submissão, e que é muito notória na relação com o dinheiro, com o trabalho, com os amigos, com a família, no relacionamento do casal e até na relação com o próprio corpo.

Porque é que alguns casais que se divorciam, recorrendo a tribunais, continuam a ter relacionamentos tóxicos? 

Porque é que existe tantas vezes um ambiente tão denso no espaço que cada um ocupa mesmo à distância? 

Pois vejamos! A separação começa pela vontade de um dos elementos do casal, muitas vezes escrita em entrelinhas (mas nem sempre identificável desta forma) com sintomas de um cansaço extremo sem motivo aparente, por uma tristeza profunda acompanhada de uma irritabilidade excessiva  e muito pouca vontade de interagir com o par, a que chamam muitas vezes de "depressão".

Creio que ninguém fica indiferente a um comportamento assim! Certo? 



O que faz "enganchar" as duas energias é isso mesmo... Um exerce o poder e o outro submete-se e vice-versa. Por norma é quem se submete que, a determinada altura, quer sair do relacionamento, e o que exerce o poder é o que quer manter a todo o custo esse mesmo relacionamento. Subtilezas... 

Mas de onde é que isto vem? 

Quem já atingiu a maioridade, é suposto "saltar do ninho" certo? Seja por linhas direitas, seja por linhas tortas! Outros atingem a dita maioridade bem mais cedo do que queriam!

E vejam só o que por vezes acontece no dia do casamento (o qual eu hoje vejo mais como um compromisso com os pais), levam a infância e toda a vivência para o momento! 

O pai da noiva "entrega" a filha ao noivo para que este dê continuidade à "obra" dele (que por vezes se resumiu em abusos), e a mãe chora a amarração da filha porque já intui como ela vai ser tratada! O pai do noivo dá os parabéns à noiva porque conseguiu tirar o seu filho de casa, porque já estava "farto" de o ver por lá e a mãe chora porque não sabe como é que o seu "menino" vai ser tratado e o que é que ele vai fazer se receber menos do que o que tinha por garantido! 

Eu acompanhei muito de perto um casamento destes. E como os alicerces não foram suficientemente fortes para segurar a casa, ela ruiu, caiu por terra. Mas por vezes acontece ao contrário! E gostaria de acreditar que em muitas outras nada disto tem a ver com ninguém! 

O que acontece tantas vezes numa separação onde também existem filhos? 

Num acumular de crenças e espectativas culturais e sociais, muitas vezes são nos homens que, inconscientemente, procuram na esposa uma continuidade da sua relação com a mãe (aquela de quem espera que trate de tudo), e nas mulheres que procuram no esposo a continuidade de uma relação com o pai (aquele de quem espera que lhe dê segurança), que resultam as grandes dificuldades e questões com as responsabilidades parentais dos filhos de ambos. 

Por mais duro que possa ser, assumir que ainda não se atingiu a maturidade (que nada tem a ver com maioridade), pode tornar-se pouco fácil lidar com dinheiro ou assumir relacionamentos e responsabilidades pai/mãe/filhos, talvez porque ainda estejam trancados na arca da infância onde era integrado que "crianças não mexem em dinheiro!", "Não te metas na conversa dos adultos!" ou "vocês ainda são muito crianças para ter filhos!" quando já se tinha atingido há uns anos a maioridade, e muitas outras questões que possam estar escondidas nas subtilezas dos relacionamentos com os nossos pais.

Se não se visitam estas memórias quando a situação começa a "ferver", e se não existe uma ação diferente que contrarie o padrão identificado, torna-se complicado cuidar dos filhos e de atender às suas necessidades de parte a parte, e pode tornar-se na continuidade dos conflitos que levaram ao afastamento.



Existem perdas e ganhos "escancarados" numa separação?

Quem está habituado a "ganhar" seja através da força física, seja através da força do dinheiro, não quer "perder" quem lhe facilita a vida quotidiana e quem se submete a assumir (por amor ou por medo) o carrego de toda a sua vida (tarefas domésticas, filhos, responsabilidades, despesas, e muitas vezes um relacionamento simbólico de mãe/filho ou pai/filha, etc.). 

Com a distância no tempo, a esperança de que o outro volte para si vai-se desvanecendo, mas em termos energéticos quem sente que "perde" algo com a separação, não aceita que o cordão com o outro se corte. Ou seja, continua a alimentar uma esperança de reconciliação, do voltar para casa, mas agora com sentimentos de raiva, de ciúmes, de angústia, de frustração, e tantos outros, sem se dar conta que isso traz a ambas as partes, tanto problemas emocionais como financeiros. 




A libertação de cordas, contratos e heranças dá-se quando, um elemento do casal ou ambos, decidem abrir de novo as portas do passado, separam e assumem as responsabilidades de parte a parte, entregando a cada um o seu cunho e o entendimento de que, como adultos que são, estão prontos para seguir cada um as suas vidas, fazerem o que quiserem com as suas experiências, e acima de tudo libertarem os filhos (quando os há) do sentimento de culpa da separação dos pais. 

Muitas vezes são precisamente as separações que trazem a maturidade para cada um, facilitando o rompimento desse cordão de "dependência" do outro, e colocando o pai e a mãe simbólicos no seu devido lugar com muita compaixão e amor incondicional pelos relacionamentos que trouxeram à vida de cada um.

Se é fácil este processo? Não! Mas pode tornar-se mais fácil se houver vontade de ambas as partes.

O passo que dou para um melhor relacionamento com outra pessoa, uma melhor vida financeira, uma melhor vida familiar,  um melhor desempenho profissional e uma mais fácil resolução das situações, é fazer este movimento consciente enquanto ser individual (que em algum momento influenciará todos os relacionamentos de qualquer natureza, sejam eles do passado, do presente ou do futuro).

Descobri por experiência própria, que com ajuda de alguém que seja profissional e especialista na área, o processo  é bem mais fácil!! 




Colocar-me no meu centro, no meu lugar original, para me trazer de novo à minha existência enquanto pessoa, assumir o que sinto, manifestar a minha vontade e colocá-la em ação, isto traz-me de volta à dádiva que é a vida! 


Sónia Grilo

Em ReConstrução do meu Ser, com muita Gratidão e Compaixão 




Comentários

  1. Amiga, como me revejo nas tuas palavras.
    Deu-me vontade de pedir desculpa ao pai dos meus filhos. O relacionamento que tínhamos era mais confortável só para um de nós . E o meu amor esgotou-se!
    Hoje fizeste com que eu conseguisse voltar a ter Amor por ele. Na altura eu lidei com a situação o melhor que consegui. Se o magoei peço desculpa!
    Gratidão Sóninha.
    Beijos

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Minha querida, tão bom que tenha ressoado em ti esta minha experiência.
      Gratidão imensa pela tua existência.
      Beijo e abraço ternos.

      Eliminar

Enviar um comentário

Mensagens populares deste blogue

Aftas

Toque Consciente Afetuoso