Do Ver ao Sentir





O Ser humano foi presenteado com imensas formas de sentir para que mais fácil fosse a sua experiência na Terra.

A visão tornou-se uma bênção para uns e para outros cataclismo.
Foi-nos facilitada essa forma de sentir para encontrar-mos mais facilmente a beleza do que nos foi oferecido.

As primeiras imagens que são descortinadas para um bebé à nascença vão definir o seu conceito de beleza e de que forma será sugerida a sua passagem por cá.

Uns por vezes, não querem ver porque já sentiram os impulsos através da barriga da mãe e por essa razão nascem de pés e outros há que fecham mesmo a cortina e chegam cegos, no verdadeiro sentido da palavra, outros vão ficando assim ao longo da vida.

A ausência do sentido da visão altera completamente o modo de viver de quem passa por esse processo. Normalmente são pessoas extremamente sensitivas, inteligentes, compassivas e generosas e com uma grande capacidade de imaginação e visão de longo alcance! Ou seja, vêem o invisível, vêem tudo de forma tangível..

Quem vai perdendo a visão do exterior ao longo da vida, em algum ponto se sentiu ferido com o que viu, em algum ponto se sentiu traído, em algum momento se sentiu inundado nas águas das expectativas do mundo em geral, e necessita de se olhar por dentro, de se auto avaliar.

Pensamentos como "Não suporto ver mais este sofrimento... Não quero ver isto ou aquilo.... Nem quero ver mais esta ou aquela pessoa, esta ou aquela imagem", organizam uma série de informações que desencadeiam choques a nível celular no corpo e satisfazem essa vontade da mente e o ser humano vai perdendo essa capacidade.

Acreditando eu que todos somos Luz antes e depois de utilizarmos estes corpos, o maior sofrimento é mesmo quando um raio de luz tão grande se condensa num corpo tão pequeno e que para experimentar a vida na Terra, precisa passar por um canal ainda mais pequeno que o seu próprio corpo, que provoca feridas e traumas na sua passagem.

Este é para mim, um dos maiores sofrimentos da experiência humana.
Não sabe sequer o que vai encontrar!

A primeira "visão" de imersão de um bebé depois das águas da mãe, é a quantidade de sangue que o rodeia na entrada num mundo novo fora do aconchego. O sangue pode ser visto como sofrimento ou como um novo começo, enquanto nascimento para uma nova vida.

Depois avalia quem está presente daquela família que escolheu. Quem o ampara no salto para o desconhecido? Quem está pronto para o segurar e para voar com ele? Quem o abraça? Quem lhe dá as boas vindas? Quem o aquece e quem o alimenta? O Pai está presente, está a segurá-lo, a protegê-lo? A Mãe alimenta-o, está presente, e ama-o? Eles quiseram muito esta nova vida que chega? O ambiente à volta é frio e sujo, ou limpo e acolhedor?
É aí que começam a trabalhar as memórias "instaladas" na visão, e não só, que vão influenciar muito o seu modo de viver e os valores que serão colocados à prova.

Tudo isto aumenta ou diminui a percepção e o tamanho da ferida provocada pelo sofrimento e trauma de nascimento que cresce com o ser humano e alimenta emoções que, se não forem trabalhadas e harmonizadas, se tornam em visões e sensações de abandono, rejeição e tristeza e faz dos seus portadores, geradores de caos em constante movimento.
É necessário olhar tudo isso e cuidar com amorosidade.

À medida que nos vamos apercebendo destas questões e da grande aprendizagem que podemos tirar da vida, temos a possibilidade de (cada um de nós) mudar o cenário da nossa visão.

Por vezes, a regularidade de um hábito diário de 5 minutos de olhos fechados juntamente com respiração consciente oferece-nos a possibilidade de mudar fisicamente e emocionalmente o nosso mundo e o que nos rodeia.

Não podemos controlar o impacto emocional de tudo o que vemos, mas podemos transformar tudo o que sentimos com o que vemos.

Há muito mais a dizer além disto mas, neste momento, esta é a minha visão em (re)construção.

Que comece em cada um de nós a mudança que queremos ver no mundo.


Sónia Grilo

Um novo Ser e Servir em (Re)Construção

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