Atitude/ Limite/ Escolha
Uma linha chamada ATITUDE e um
ponto chamado LIMITE, depois de se encontrarem com a ESCOLHA
O Bebé XY finalmente assenta os
seus pés (ou os seus olhos) na Terra. Quando a toca, começam a funcionar os cinco
sentidos (ou quase todos e outros mais do que)… testa os pulmões, através da respiração
e do toque exterior, obrigam-no a gritar para certificar que tudo está
funcionante…. Mais tarde obrigam-no a calar e a engolir todo o ar que inspira
sem quase ter oportunidade de o deitar fora….
Não sei que pensar… é
contraditório…. Primeiro obrigam a gritar quando não sabe falar, e quando sabe
falar obrigam a calar!!! Quando não sabe andar ajudam a dar cada passada, e
quando sabe andar prendem as suas pernas para não se aventurar!!!
Não sei o que sentir quando
surgem estas contradições….
Mas algo surge no subconsciente, o lugar do qual se
receia…. O lugar que guarda as palavras que muitos quiseram calar… o lugar que
guarda as acções que muitos quiseram esconder…. O lugar a que chamam de berço da
demência…. O refúgio de todas as memórias visíveis e invisíveis… O lugar que se
encontra limitado pela cor vermelha,
tipo Proibido Entrar…
Ao Bebé XY já o chamam de Criança
XY Número 1234567890. A curiosidade de colocar as suas memórias de fora é ampliada
pelos sentidos, pelo toque, o cheiro, a visão, a audição e o sabor… que êxtase,
que excitação!!!! Experimenta e agora já chega… fica apenas com mais uma memória…
Mas ela volta lá, quando se vai
desenvolvendo mais e mais, enfrentando e desafiando todos os limites colocados,
todas as linhas vermelhas… que podem ser pessoas, animais, brinquedos, tecnologias,
situações, tempestades… e ainda assim, vai-se deixando moldar em troca de
segurança, de afectos, de presenças, de amor, de suporte… vai-se fechando e
bastando-se em troca de migalhas do meio que a envolve…. Migalhas que lhe pedem
um mundo em troca, que lhe pedem um molde onde se encaixe e não mais se solte, esse
molde preso ás vontades de quem e do que a rodeia…
Aprende que para alcançar um
fruto além das migalhas, é preciso doar-se toda, sofrer, calar e esconder-se
para não ser apanhada e para que não lhe “roubem” o que já lhe deram.
Durante esse processo aparecem
lenhadores e caçadores…. Ela é rica, ela tem um valor incalculável… por isso a
querem tanto… todos sabem isso menos ela…. Apagaram-lhe essa memória com
gritos, com pontos medíocres, com filmes de terror, com negações, com
insuficiências, com menos do que…..
Noutra fase aprende a ser árvore
e a ser animal, aprende a fixar raízes em terreno fértil no que quer alcançar e
a levantar tenda na hora de partir e proteger o seu silêncio com garras.
Como árvore imponente que é aceita
a presença de lenhadores e altera-lhes a vontade… dá-lhes sombra, descanso
imenso, alimento, oxigénio, e também a vontade de não praticar a acção pela
qual se aproximaram dela… toma Atitude!
Como animal poderoso que é
observa tudo ao seu redor e planeia o melhor percurso que a leva ao alimento,
ao abrigo, à diversão, ao descanso, ao relacionamento, ao Limite que lhe é
colocado e que também ela pode colocar.
A Criança XY já passou o limite
da Adolescência (o abandono involuntário e forçado da Criança) e caminha agora entre
o Adultero e o Adulto (criança formatada VS criança livre) para um verdadeiro campo de batalha…..
Agora está frente a frente com os
mestres… os que proibiram e os que permitiram… os que prenderam e os que
libertaram… os que falaram e os que calaram… os que pagaram e os que cobraram…
os que partiram e os que ficaram…. Uns dão-lhe deveres outros mostram-lhe
direitos…
E chega o ponto onde se encontra
com um poder imenso dentro dela… Torna-se Adulto e conhece finalmente a companhia
que lhe foi privada durante muito tempo, a Escolha….
Aceitar todas as responsabilidades
independentemente de a quem pertençam, e deixar-se adoecer e diminuir ou Entregar
cada uma individualmente a quem de direito e colocar um Limite sobre a quem dá
o poder da sua vida?
Ele finalmente descobriu onde
estava guardado o seu Poder, e agora foi lá resgatá-lo… sentiu-se ferido e
sujo, porque derrubou muitos muros, afundou e pisou muita lama, subiu a muitas árvores
e picou-se nos ramos, enfrentou muitas tempestades para se encontrar de novo
com a Criança XY que deixou desamparada lá atrás, juntamente com o Amor
incondicional, com a Alegria, com a Aventura, com a Confiança, com a Pureza e
encontrou-se também com a Segurança e o Amor Próprio que afinal estiveram
consigo o tempo todo e que tinham sido mascarados por todos os que lhe quiseram
tanto bem ao ponto de prender para não afastar….
Por Sónia Grilo
Um Ser em constante (Re)Construção
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